Você
me olha desse jeito. E sua voz me faz querer dançar. Me gira pela sala. Ela
canta uma palavra ou outra de uma música antiga. Me abraça. Me faz rir de uma
bobeira qualquer. Seus olhos têm cor de conhaque. Ela diz que é poético. Diz
que os meus têm cor de açúcar queimado. Gosto deles olhando pra mim. Assim não
vejo o tempo passar. Faço tudo que ela quer. Ela me pergunta se estou bem. E me
chama de meu bem. Respondo que estou feliz...e triste. -Triste? Tento
explicar..é aquela tristeza da casa vazia. Da hora que te deixei ir. Embora.
Ela riu. Como sempre fazia. Diz que queria ter ficado. Que precisa do meu
abraço. Então digo que preciso deixá-la. Que ainda não sei direito o que fazer.
E ela me deixa ir. Sem perguntar. Diz que ficará tudo bem. Me pede desculpa por
querer ficar. Por querer que eu fique. Não digo mais nada. E vou. Ou eu que a
deixei ir sem perguntar nada. Eu não queria ser como os outros. Acabei sendo. Mas...uma
hora teria que acabar.
domingo, 14 de abril de 2019
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