domingo, 14 de abril de 2019

Olhos cor de conhaque

Você me olha desse jeito. E sua voz me faz querer dançar. Me gira pela sala. Ela canta uma palavra ou outra de uma música antiga. Me abraça. Me faz rir de uma bobeira qualquer. Seus olhos têm cor de conhaque. Ela diz que é poético. Diz que os meus têm cor de açúcar queimado. Gosto deles olhando pra mim. Assim não vejo o tempo passar. Faço tudo que ela quer. Ela me pergunta se estou bem. E me chama de meu bem. Respondo que estou feliz...e triste. -Triste? Tento explicar..é aquela tristeza da casa vazia. Da hora que te deixei ir. Embora. Ela riu. Como sempre fazia. Diz que queria ter ficado. Que precisa do meu abraço. Então digo que preciso deixá-la. Que ainda não sei direito o que fazer. E ela me deixa ir. Sem perguntar. Diz que ficará tudo bem. Me pede desculpa por querer ficar. Por querer que eu fique. Não digo mais nada. E vou. Ou eu que a deixei ir sem perguntar nada. Eu não queria ser como os outros. Acabei sendo. Mas...uma hora teria que acabar.