quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sem jeito

Chega sei lá de onde
Do nada
De longe
E se depara com o nada
Se decepciona com o tudo...
Há sangue nas ruas
Nos bares de esquina
Nas veias
Mãos frias
Vazias...
Gosta de guerras
Das coisas diversas
Das noites
Dos dias.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Meredith

Dissimulada
Maquiada
Imoral
Proibida
Poesias decoradas
Opiniões alienadas
Vida sem medida
Nos olhos dela tem sol nascendo
Ainda que a realidade a contradiga

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Singular

Submeto-me aos arranjos das músicas
Tenho idéias que já vieram estruturadas
Refletir
Considerar
Sou o extremo mais extremo das possibilidades
Minhas palavras dizem o indizível
Despoesia
Excessos de felicidades
Fujo de mim
Não respondo
Busco incessantemente novas soluções
Novos territórios de linguagem
E assisto a minha fuga
Descontrole sob controle
Carregado de sentidos
Não sei escrever
Sílaba
Não sei dividir
Singular
Pensamentos movediços
Não quero fazer sentido
Quero fazer feliz.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Despoesia


Dissequei o Direito e a História
O Sexo e a Poesia
A Medicina e o Romance
Não sei mais o que
E assim por diante.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E a cor da sua fantasia?!



Sobremesa para o jantar. Memória solúvel em álcool. Perdida entre a pressa e a preguiça. Tem lógica, mas não faz muito sentido. Sempre fazendo diferente do que se espera, se pelo menos fosse ao contrário. Olhos tempestuosos. Batom de damasco. Anda mentindo verdades. Venenos e mimos. Bonecas de plástico. Flores esmagadas. Diplomas encharcados com bordas douradas. Sempre aprendendo 2 ou 3 coisas sobre 2 ou 3 coisas. E só porque não se importa, não significa que não entenda. Não tem nenhum santo que a perdoe. Nem diabo que a ature. E só agora viu que nunca saiu daqui. Sendo que o plano sempre foi fugir.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Oq é tão doce assim?

Contemplou o luar. Se espreguiçou
Pensando na morte e um pouco na vida
Tomou outra xícara de café e fumou um cigarro adocicado
Falou dos planos que não tinha. Pegou no sono
Amanheceu na calçada de um mundo parado
Um corpo esguio e nu
Frágil e gelado
O sangue escorria pelo meio fio
De uma rua escura
Em um bairro vazio
Carro aberto logo à frente
Rádio tocando MPB
A chave ainda no contato
O conhaque a escorrer
Chorava ou sorria?
Já não dá pra perceber
A brisa gelada da noite
Ajudava a esconder
Crianças pulavam o corpo
Curiosos fingiam não ver
Talvez aquelas pessoas tivessem algo pra dizer
Precisava chegar à alma delas
Ou não sei o que
Destes brancos materialistas
Não tem ninguém pra socorrer
E era justamente o que queria
Pois a morte era o único lugar que merecia uma visita.
Em um embrulho de jornal levou as lembranças das noites agressivas
Embaladas pelas músicas que mais ouvia
Levou as cores disfarçadas de preto e branco
E os amores com o gosto do álcool que bebia
Se vestiu de êxtase e pó
Se embriagou de alegrias
Se perfumou de dó
Pra esconder dos inimigos as coisas que sentia
E não deixar o endereço de onde está.
O último trago fez a lua apagar
A marca do batom ficou pra dizer:
“Da maneira mais doce a morte veio me buscar”.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Acordada

Pessoas esquisitas, excêntricas, e o sol amarelo que não aquecia mais. A rua cercada de casas velhas. A sensação de que, sem dúvida, ninguém me entendia, de que ninguém sabia quem eu era e o que me levava até lá. Quando fechava os olhos, tudo ao meu redor parecia vazio, frio, simplesmente. Como se estivesse no lugar mais solitário do mundo. No meio de lugar nenhum.
E me sentei na cama, e por um instante desejei que você se sentasse ao meu lado e pusesse seu braço ao meu redor e dissesse que tudo ficaria bem.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Adaptação

Estava enrolada
Debaixo da escada,
Numa casa fechada
Esperando que um dia
Alguma coisa acontecesse.
Antes que se perdesse
Sentiu passar um vento cor-de-rosa.
Toda prosa
Pintou os lábios
E sem vergonha
Caprichou no decote
A felicidade volta à praça
Cheia de dengo e de graça,
Com perfume novo no cangote.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Lírios plásticos do campo

O barulhinho do tempo O vento cantando baixinho Céu aberto O amor pelo mar, pra ouvir, pra molhar, Pra andar no rasinho Imaginei o sol da tarde E coloquei a alma pra lavar E pra secar de cor em cor Pela rua mais torta da cidade E em tons pastéis eu disse Que em um dia vi o sol se pôr 43 vezes, Não importa quem vai escutar, Quando os dias são só datas nos jornais Quando esses dias demoram mais que os meses Horas e minutos são iguais Daqui dá pra ver o campo Mesmo quando a janela é assim pequena Vejo suas coloridas flores de plástico Talvez não tenha dito as palavras certas Talvez por medo, Ou então plantado as flores erradas Talvez não Para cada acerto, 3 mil erros Para cada erro, 3 mil acertos.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Gota d’água

Dividida entre o início e o fim Revela a chegada de grandes tempestades Finda ciclos tempestuosos Ainda marca alguns encontros Dela com ela mesma Anunciando o início do fim.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Supernova.

Era uma vez uma constelação de estrelas que queria virar alguma coisa, e imaginou ser uma poça...e quis muito ser aquilo, quis ser a raiz de uma árvore e ser o andar de um velho, ser o nº num talão de cheques...Até que por fim, quis ser apenas só aquilo mesmo, um punhado de estrelas soltas, algumas palavras de uma história ouvida em pedaços no barulho de um bar depois da meia noite e quinze.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Dos Medos

Pai nosso! E se a chuva não cair?
Essa nuvem há de vir
Nem que seja carregada!
O vento uiva, na árvore
De folhas no chão de terra seca
Chão de areia
A noite que chega
Parede de barro que se clareia
Com a luz da vela
Que queima e alumia a fome
Do filho
Que na falta de um,
São cinco
E sentada na beira
Do degrau moldado à mão
Que dá de cara pra ladeira
Tão inclinada
Sentindo no rosto a areia que voa
Sentindo a lágrima chegar
De ver a água descer
De se perguntar
Se alguma coisa ainda muda.